O Brasil se posiciona como um dos líderes mundiais na produção de biocombustíveis, com o etanol produzido a partir do milho ganhando destaque crescente nos últimos anos. Este crescimento é impulsionado pela crescente demanda por energias renováveis e pela necessidade de diversificar a matriz energética do país, o que resulta em uma ampliação significativa na produção de etanol de milho.
Nos últimos anos, esse biocombustível tem conquistado espaço no mercado brasileiro, atraindo investimentos em diversas regiões, especialmente devido à sua capacidade de oferecer um retorno financeiro mais rápido em comparação com as usinas de cana-de-açúcar. O milho, sendo uma matéria-prima disponível durante todo o ano, se transforma em uma opção atraente e lucrativa para as usinas. Para a safra de 2023/2024, as previsões indicam que a produção de etanol de milho no Brasil pode chegar a 6 bilhões de litros, o que representa um impressionante crescimento de 36% em relação ao ciclo anterior e um aumento de 800% nos últimos cinco anos, conforme dados da União Nacional do Etanol de Milho (Unem).
Atualmente, o etanol de milho representa 13% da produção total de biocombustíveis no país, um avanço notável em comparação aos 6% que era registrado há apenas dois anos. Essa expansão da capacidade produtiva é atribuída principalmente ao crescimento do complexo industrial brasileiro, que se beneficiou da construção de novas usinas, da adoção de tecnologias que melhoram a eficiência produtiva e do aumento da demanda internacional por biocombustíveis.
Os Estados Unidos continuam sendo os principais produtores de etanol de milho no cenário global, contando com uma tecnologia altamente desenvolvida. A produção brasileira, embora influenciada por esses avanços tecnológicos, apresenta características próprias. De acordo com Guilherme Nolasco, presidente-executivo da Unem, “Nos EUA, o processo utiliza milho de primeira safra, enquanto o Brasil tira vantagem do milho de segunda safra, o que permite um aproveitamento integral da matéria-prima e colabora para a proteção do solo e a descarbonização.”
No Brasil, operam três tipos de usinas de etanol de milho, capazes de separar componentes como fibra, gordura e proteína, resultando em um leque diversificado de produtos para nutrição animal e exportação de energia:
- Usinas Full: Estas usinas processam exclusivamente milho para a produção de etanol.
- Usinas Flex: Adaptadas a partir de usinas de cana-de-açúcar, essas usinas produzem etanol de milho durante a entressafra da cana.
- Usinas Full Flex: Este modelo é capaz de produzir etanol tanto de milho quanto de cana ao mesmo tempo.
André Rocha, presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás (Sifaeg), destaca que a produção de etanol de milho no Brasil começou com as usinas flex, que adaptaram suas instalações para aproveitar o período em que a cana não está disponível, utilizando o bagaço como fonte de energia alternativa.
Vantagens do Etanol de Milho
Guilherme Nolasco elenca várias vantagens da produção de biocombustíveis no Brasil, especialmente no que diz respeito ao etanol derivado do milho de segunda safra:
-Abundância de Matéria-Prima: Como um dos maiores produtores de milho do mundo, o Brasil possui uma grande oferta desse insumo, o que favorece a produção de etanol.
-Alta Eficiência Industrial: A indústria brasileira de biocombustíveis está se tornando cada vez mais eficiente, utilizando tecnologias avançadas que garantem um elevado rendimento e uma produção em larga escala.
-Diversificação e Agregação de Valor: A geração de coprodutos, como óleo de milho e DDGS, contribui para aumentar a rentabilidade do setor.
-Valorização do Milho: O milho não é apenas usado para a produção de etanol, mas também em várias outras indústrias, elevando seu valor e tornando a produção agrícola mais resistente a flutuações de mercado.
-Fortalecimento da Cadeia de Florestas Plantadas: A indústria de biocombustíveis também se beneficia de insumos provenientes de florestas plantadas, o que reforça a sustentabilidade do setor.
-Contribuição para a Descarbonização: A substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis, como o etanol, desempenha um papel crucial na redução das emissões de gases de efeito estufa, trazendo assim benefícios ambientais significativos.
Dessa forma, o etanol de milho não apenas contribui para a diversificação energética do Brasil, mas também para a sustentabilidade econômica e ambiental, posicionando o país como um exemplo a ser seguido no uso de biocombustíveis.
Referências:
Etanol de milho como é feito e quais são suas vantagens. Disponível em: <https://www.cnabrasil.org.br/noticias/milho-invade-as-industrias-de-producao-de-etanol> Acesso em: 23 nov. 2024.
PETROLI, V. Sustentável e de grande valor agregado, etanol de milho é uma ferramenta a mais para o produtor. Disponível em: <https://www.canalrural.com.br/projetos/sites-e-especiais/sustentavel-e-de-grande-valor-agregado-etanol-de-milho-e-uma-ferramenta-a-mais-para-o-produtor/>. Acesso em: 22 nov. 2024.
Milho invade as indústrias de produção de etanol. Disponível em: <https://www.cnabrasil.org.br/noticias/milho-invade-as-industrias-de-producao-de-etanol>. Acesso em: 23 nov. 2024.
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