Em ambientes onde há o manuseio de substâncias químicas, a gestão de risco químico (GRQ) é de fundamental importância, tanto para proteger a saúde das pessoas envolvidas, como do meio ambiente e para proteger a integridade dos diversos locais onde elas são manipuladas (indústrias, laboratórios, etc).
A GRQ pode ser definida como o conjunto de atividades que visam identificar, avaliar e controlar os riscos associados ao armazenamento, manipulação, transporte e descarte de produtos químicos, evitando que ocorram contaminações com substâncias tóxicas ou corrosivas, explosões e incêndios, em qualquer fase do ciclo produtivo.
A gestão de risco químico envolve algumas etapas, sendo elas:
1. Identificação dos riscos:
Inicialmente, deve-se identificar as substâncias que serão manipuladas e quais riscos elas oferecem devido a suas propriedades. É importante ter registrado de forma clara todos os dados relacionados a toxicidade, corrosividade, inflamabilidade, etc.
2. Avaliação dos riscos:
Essa etapa envolve o estudo da probabilidade de potenciais riscos associados às substâncias químicas manipuladas ocorrerem, avaliando os possíveis cenários, gravidade e consequências reais dos eventos que podem acontecer, o que auxilia a definir prioridades e estratégias a serem estabelecidas.
3. Controle dos riscos:
Aqui, medidas de segurança são de fato implementadas visando eliminar ou reduzir ao máximo possível os riscos causados pelas substâncias químicas em questão. Existem várias dessas medidas que podem ser adotadas, em diferentes contextos, como por exemplo:
- Instalação de sistemas de ventilação
- Instalação de extintores de incêndio
- Rotulagem correta dos produtos químicos
- Confecção de procedimentos operacionais padrão (POP)
- Uso de equipamentos de proteção individual (EPI ‘s) como luvas, jaleco, máscaras, etc.
- Treinamento e capacitação de novos funcionários
- Substituição de rotas tradicionais por rotas mais seguras
- Uso de novas tecnologias para reduzir o tempo de exposição
4. Monitoramento e revisão:
Por fim, após as medidas de segurança já terem sido implementadas no processo, é fundamental que ocorra um monitoramento e revisões periódicas das práticas estabelecidas, verificando se ocorreram falhas ou inconsistências, garantindo assim que estas práticas continuem sendo eficazes e que estejam sempre sendo atualizadas, em um processo de melhoria contínua.
Gestão de risco químico em laboratórios
Em laboratórios, a gestão de risco químico é uma atividade crucial que deve ser considerada. Por ser um ambiente onde comumente há a presença e o manuseio de diversas substâncias químicas, a GRQ surge como algo fundamental para garantir a segurança das pessoas e a integridade das instalações.
Para alcançar resultados eficientes em relação à segurança e minimizar riscos, é necessário seguir as mesmas etapas já mencionadas no contexto geral: identificar, avaliar, controlar, monitorar e revisar. Porém, no caso específico de laboratórios, existem alguns aspectos dentro dessas etapas que precisam ser levados em conta.
Citando alguns deles, temos que na identificação das substâncias que serão manipuladas, é importante considerar não somente os potenciais riscos de forma individual, mas também as possíveis interações entre elas. Além disso, é muito importante verificar previamente os instrumentos que serão necessários no experimento, utilizando sempre os mais adequados e seguros para a situação, e também as condições mais adequadas para execução dos experimentos, como temperatura e pressão, por exemplo.
Pode-se mencionar também a importância de implementação de algumas medidas específicas para o controle dos riscos, como:
- Armazenamento seguro dos reagentes: Substâncias químicas devem ser armazenadas de acordo com suas características e propriedades, evitando que reações perigosas ocorram e garantindo a integridade dos materiais e a segurança do local.
- Protocolos de emergência: Desenvolver planos de ação para situações de emergência, como por exemplo incêndios, é extremamente importante. Isso inclui o treinamento em primeiros socorros e a disponibilidade de equipamentos, como chuveiros de emergência e kits de contenção de fácil acesso dos trabalhadores.
- Uso de capelas de fluxo laminar: Quando se manipula substâncias voláteis ou tóxicas, as capelas garantem a proteção do trabalhador e evitam a contaminação do laboratório.
Gestão de risco químico na indústria
Na indústria, o risco de acidentes com produtos químicos é bastante elevado devido à quantidade de elementos tóxicos envolvidos no processo. Durante o trabalho os operadores entram em contato com produtos corrosivos, inflamáveis, cancerígenos a longo prazo e até mesmo explosivos. Por isso, a segurança e proteção durante os procedimentos é bastante rigorosa.
A NR 15 é uma norma regulamentadora criada pelo Ministério do Trabalho em 1978 que estabelece regras e critérios para garantir a segurança, a saúde e o bem-estar dos colaboradores em ambientes de trabalho insalubres. E para atender os requisitos solicitados por essa e outras normas, é muito importante que as empresas adotem as seguintes medidas:
- Utilização de roupas de lavagem industrial: Em alguns casos, gases cancerígenos permanecem nas roupas do funcionário, e a longo prazo, a família também pode adquirir a doença por usar roupas contaminadas durante a lavagem. Por isso é ideal que roupas expostas sejam lavadas industrialmente.
- FDS (Ficha de Dados de Segurança): A antiga FISPQ (Ficha de Informação de Segurança de produto químico) deve estar presente na área de trabalho para garantir que os operadores tenham conhecimento da composição e do procedimento a ser utilizado em cada situação que ocorra com esse produto.
- APR (Análise Preliminar de Risco): Algumas empresas adotam essa medida que é a análise de todos os riscos que o funcionário está correndo ao realizar determinada atividade, seja por manuseio de produtos químicos e gases tóxicos ou até mesmo riscos ergométricos.
- EPI´s (Equipamento de Proteção Individual): Ao realizar uma atividade com manuseio ou exposição a produtos químicos, os funcionários devem estar utilizando os equipamentos de proteção obrigatórios para aquela atividade, como luva, óculos de proteção, capacete, detector de gás, protetor auricular, e outro.
- Treinamentos de Segurança: Os funcionários devem receber treinamentos específicos para os produtos químicos perigosos que irão manusear para terem conhecimento do que fazer em casos de emergência.
Realizando essas ações básicas preservamos a vida e saúde do funcionário.
Referências
- Gestão do risco químico (GRQ). Disponível em: https://intertox.com.br/gestao-do-risco-quimico-grq/. Acesso em: 21 out. 2024.
- Riscos ocupacionais. Dexcar, [s.d.]. Disponível em: https://dexcar.com.br/riscos-ocupacionais/. Acesso em: 22 out. 2024.
- Risco químico: EPI e proteção química. Prometal Epís, [s.d.]. Disponível em: https://prometalepis.com.br/blog/risco-quimico-epi-protecao-quimica/. Acesso em: 22 out. 2024.
Autores: Cecilia de Castro Lira e Davi de Castro e Sá, membros do Capítulo Estudantil AIChE UFC.
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O capítulo estudantil do American Institute of Chemical Engineers na Universidade Federal do Ceará (AIChE UFC) é formado por estudantes associados ao AIChE Global que têm como missão fortalecer o elo entre a indústria local e a Universidade através da promoção de eventos e atividades extracurriculares que incentivem e desafiem os alunos com temas e problemas reais de Engenharia Química.
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