Lixo eletrônico, ou resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REEE), são dispositivos descartados que podem ser celulares, computadores, televisores e até eletrodomésticos e pilhas. Esses itens, que são muito usados na atualidade, quando não descartados corretamente, são considerados uma ameaça ao meio ambiente devido aos metais pesados, como mercúrio e chumbo, presentes em sua composição, que podem contaminar o solo e os recursos hídricos.
Cenário global e no Brasil
Globalmente, em 2019, foram produzidas cerca de 55 milhões de toneladas de lixo eletrônico, mas apenas 20% foi reciclado. O Brasil é o quinto maior produtor de resíduos eletrônicos do mundo e enfrenta desafios no descarte adequado, com iniciativas ainda incipientes e pouca conscientização pública. Muitos brasileiros guardam dispositivos obsoletos em casa, enquanto os pontos de descarte ainda são pouco acessíveis para grande parte da população. (G1 – Jornal Nacional)
Impactos ambientais e sociais
O lixo eletrônico, também conhecido como e-lixo, engloba produtos descartados por inutilização ou obsolescência, como aparelhos da linha branca (geladeiras, micro-ondas), eletrônicos (TVs, celulares) e baterias. Quando descartados sem cuidado, representam um alto risco ambiental e à saúde. O Brasil, com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), busca reduzir a geração de resíduos e incentivar o descarte ambientalmente correto. A reciclagem também contribui para a economia circular, recuperando recursos valiosos como ouro e cobre.O descarte inadequado de lixo eletrônico causa poluição ambiental e desperdício de recursos valiosos como ouro, cobre e prata, que poderiam ser recuperados. Por outro lado, a reciclagem reduz a necessidade de extração de matérias-primas e cria oportunidades econômicas por meio da economia circular, que incentiva a reutilização e o reparo de equipamentos.
Algumas categorias são utilizadas para delimitar os tipos de lixo eletrônico. Essa divisão é feita porque os equipamentos têm configurações de tamanho, manuseio e aplicação diferentes. As categorias são:
- Grandes equipamentos: geladeiras, freezers, máquinas de lavar, fogões, ar condicionados, microondas, grandes TVs, etc.
- Pequenos equipamentos e eletroportáteis: torradeiras, batedeiras, aspiradores de pó, ventiladores, mixers, secadores de cabelo, ferramentas elétricas, calculadoras, câmeras digitais, rádios, etc.
- Equipamentos de informática e telefonia: computadores, tablets, notebooks, celulares, impressoras, monitores e outros.
- Pilhas e baterias portáteis: pilhas modelos AA, AAA, C/D, recarregáveis, baterias portáteis de 9 V, etc
O que pode ser feito?
- Conscientização: Campanhas educativas como o movimento Eletrônico Não é Lixo ajudam a sensibilizar a população.
- Acesso: Expansão de pontos de coleta para áreas mais remotas.
- Iniciativas públicas e privadas: Incentivo à pesquisa em tecnologias para reciclagem e ao desenvolvimento de produtos mais sustentáveis.
Adotar práticas conscientes de consumo e descarte é essencial para mitigar os impactos do lixo eletrônico e promover um futuro sustentável.
Descarte correto e reciclagem
- Logística reversa: Fabricantes são legalmente obrigados a receber produtos obsoletos para reciclagem. Porém, na prática, a implementação ainda é limitada.
- Pontos de coleta: É fundamental que consumidores levem seus resíduos a locais apropriados, como os Pontos de Entrega Voluntária (PEVs).
- Reutilização e reparo: Sempre que possível, equipamentos em bom estado podem ser doados ou reparados, reduzindo a geração de resíduos.
A reciclagem de lixo eletrônico envolve diversas etapas e técnicas que permitem reaproveitar materiais e reduzir os impactos ambientais. As formas mais conhecidas incluem:
1. Desmontagem Manual
- Os dispositivos eletrônicos são desmontados manualmente para separar componentes como placas de circuito, cabos, baterias e plásticos.
- É uma etapa inicial essencial para preparar os materiais para reciclagem ou reutilização.
2. Triagem Automatizada
- Após a desmontagem, máquinas avançadas fazem a separação dos materiais por tipo (metais, plásticos, vidros) usando sensores, correntes de Foucault e separadores magnéticos.
3. Processos Mecânicos
- Trituração: Equipamentos trituram os resíduos para facilitar a separação de materiais.
- Separação por densidade: Usada para isolar metais pesados de plásticos e outros materiais mais leves.
4. Recuperação Química
- Extração de metais valiosos como ouro, prata, cobre e paládio por meio de processos químicos como:
- Lixiviação: Utilização de soluções químicas para dissolver metais preciosos.
- Pirometalurgia: Fusão a altas temperaturas para recuperar metais.
- Hidrometalurgia: Processos químicos em soluções líquidas para isolar materiais específicos.
5. Reciclagem de Plásticos
- Os plásticos recuperados são triturados e tratados para serem reutilizados na fabricação de novos produtos.
6. Reciclagem de Vidros
- Vidros de telas e monitores, especialmente os que contêm chumbo, são tratados para uso em novas aplicações ou descartados de forma segura.
7. Reutilização e Reparo
- Componentes em bom estado são recuperados e reutilizados em outros dispositivos, reduzindo a demanda por novos recursos.
Benefícios
- Redução da extração de recursos naturais.
- Prevenção da contaminação ambiental por metais pesados.
- Recuperação de materiais valiosos que podem ser reintroduzidos na economia.
Exemplo Prático no Brasil
Empresas e iniciativas como a Green Eletron organizam pontos de coleta e garantem a reciclagem responsável dos dispositivos, seguindo as diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)
Referências
GREEN ELETRON. Lixo eletrônico: O que é e como descartá-lo corretamente. Green Eletron, [s.d.]. Disponível em: https://greeneletron.org.br/lixo-eletronico2. Acesso em: 16 nov. 2024.
G1. Brasil é o 5º país que mais produz resíduos eletrônicos, mas descarte correto ainda é pequeno. Jornal Nacional, 27 abr. 2024. Disponível em: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2024/04/27/brasil-e-o-5o-pais-que-mais-produz-residuos-eletronicos-mas-descarte-correto-ainda-e-pequeno.ghtml. Acesso em: 16 nov. 2024.
Autores: Thaylana Déborah Silveira e Mariana Cândido Bezerra, integrantes do Capítulo Estudantil AIChE UFC.
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O capítulo estudantil do American Institute of Chemical Engineers na Universidade Federal do Ceará (AIChE UFC) é formado por estudantes associados ao AIChE Global que têm como missão fortalecer o elo entre a indústria local e a Universidade através da promoção de eventos e atividades extracurriculares que incentivem e desafiem os alunos com temas e problemas reais de Engenharia Química.
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