Perícia Criminal e Engenharia Química

Na ocorrência de crimes e infrações no Brasil, sabe-se que, de acordo com o artigo 158 do CPP (Código de Processo Penal): “quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado”, nessa etapa do processo tem-se a atuação principalmente do Perito Criminal, que tem finalidade descrita também pelo CPP, artigo 159 e 160, respectivamente: “O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior” e ”Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados”.

Dessa forma, a Perícia Criminal objetiva extrair o máximo de dados de um determinado crime, podendo apontar fatos dos acontecimentos envolvendo a vítima, tendo muita importância na solução de casos pela Polícia Brasileira. Em Brasília, está localizado o Instituto Nacional de Criminalística (INC), referência mundial de Criminalística, sendo assim o órgão central da perícia criminal da Polícia Federal, capacitado com laboratórios e tecnologias para a atuação da perícia.

No Paraná, a Polícia Científica do Paraná é o órgão central de perícia com finalidade de exercer as atividades de ensino, pesquisa, tecnologia e inovação técnico-científicas de ciências forenses que forem legalmente atribuídas em todo o Estado do Paraná, ressalvada a competência da União, com unidades na Capital, Curitiba, e nas maiores cidades do Paraná.

Atuação do Engenheiro Químico na Perícia Criminal

Engenheiros Químicos podem atuar em perícias de locais de crime contra a vida, patrimônio, acidentes de trânsito e ocorrências ambientais. Além disso, esses profissionais trabalham em laboratórios verificando adulterações ou falsificações em produtos como bebidas alcoólicas, perfumes e combustíveis, identificando substâncias inflamáveis e explosivos, realizando análises de água, agentes químicos e físico-descritivas, e examinando objetos metálicos e resíduos, além de pesquisar fluidos biológicos humanos. Para essas tarefas, utilizam diversas técnicas laboratoriais, como Luminol para identificar resquícios de sangue, toxicologia para detectar substâncias ilícitas ou álcool no sangue, hálito e urina, análises químicas para detectar a presença de arsênio, potássio, monóxido de carbono e entorpecentes, cromatografia gasosa e líquida para identificar drogas, exame de DNA para analisar material genético, técnicas de análise de impressões digitais como o pó e a ninidrina, e balística juntamente com exame residuográfico para identificar armas, projéteis e resíduos de disparo. Essas técnicas permitem uma investigação detalhada e precisa, essencial para a resolução de crimes.

Características e Conhecimentos Necessários

Para ser um perito criminal, é essencial possuir características como cautela, organização e inteligência emocional, além de basear todas as ações em provas concretas. Engenheiros Químicos precisam de conhecimentos técnicos específicos, incluindo análise de materiais e mecânica dos fluidos. É igualmente importante que esses profissionais estejam familiarizados com diversas ferramentas e tecnologias utilizadas na perícia, como cromatografia, espectrometria, microscopia eletrônica e softwares de modelagem e simulação.

Formação e Especialização

Ingressar na carreira de perito criminal exige a aprovação em concurso público e, em alguns casos, a conclusão de uma formação específica na Academia de Polícia. Além disso, o engenheiro químico deve buscar especializações complementares, como pós-graduações em Química Forense e cursos em Análise de Materiais e Eletrônica Básica. A combinação dessas formações com características pessoais adequadas, como atenção aos detalhes e capacidade de trabalhar sob pressão, possibilita uma contribuição significativa para a resolução de crimes.

Oportunidades de Trabalho

Atualmente, no Brasil, os engenheiros têm uma ampla gama de oportunidades para atuar como peritos criminais, tanto em órgãos governamentais quanto em empresas privadas e consultorias. Nos órgãos governamentais, como a Polícia Federal, a Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros, há uma demanda constante por profissionais para analisar cenas de crime, realizar perícias em equipamentos e estruturas, e emitir laudos técnicos. No setor privado, grandes corporações, especialmente nas áreas de segurança e tecnologia, contratam engenheiros para auditorias e investigações internas, enquanto empresas de seguros buscam peritos para avaliar sinistros e fraudes. Além disso, o mercado de perícia técnica está em expansão, com uma crescente demanda por consultores independentes e empresas especializadas que oferecem serviços de perícia em setores variados, como industrial, ambiental e cibernético.

Desafios e Crescimento Profissional

Os engenheiros enfrentam diversos desafios na perícia criminal, com a rápida evolução tecnológica é necessário atualização constante para entender e analisar novos dispositivos, e métodos de crime. É essencial manter-se atualizado para fornecer perícias precisas e relevantes. Além disso, a responsabilidade de fornecer laudos técnicos que podem influenciar diretamente o resultado de processos judiciais é enorme, exigindo precisão, ética e integridade. O ambiente de trabalho também pode ser desafiador, pois os peritos frequentemente se deparam com cenas de crime complexas e, às vezes, perturbadoras, o que requer resiliência emocional e capacidade de trabalhar sob pressão.

Novas Tecnologias na Perícia Criminal

As novas tecnologias estão transformando a perícia criminal de várias maneiras. Ferramentas avançadas de análise de dados permitem aos peritos analisar grandes volumes de informação rapidamente, identificando padrões e anomalias que poderiam passar despercebidos. A impressão 3D é utilizada para recriar cenas de crime e estruturas danificadas, permitindo uma análise mais detalhada e precisa. Algoritmos de inteligência artificial estão sendo desenvolvidos para auxiliar na análise de evidências, reconhecimento de padrões e até mesmo previsão de crimes.

Conclusão

O futuro da carreira na perícia criminal para engenheiros químicos é bastante promissor. À medida que as tecnologias avançam e os crimes se tornam cada vez mais complexos, a demanda por profissionais altamente qualificados e especializados está crescendo. Engenheiros químicos que dominam novas tecnologias, como inteligência artificial e cibersegurança, encontrarão oportunidades valiosas, pois essas habilidades se tornam cada vez mais cruciais na análise de evidências e na solução de crimes. Além disso, a globalização e a interconexão dos mercados exigem uma abordagem interdisciplinar e internacional, criando novas oportunidades para profissionais que estão dispostos a se adaptar e inovar. Nesse cenário dinâmico, os engenheiros químicos têm a chance de desempenhar um papel fundamental na evolução da perícia criminal, contribuindo para a justiça e segurança de forma mais eficaz e abrangente.

Referências

  • Polícia Científica do Paraná. Polícia Científica do Paraná. Disponível em: https://www.policiacientifica.pr.gov.br/. Acesso em: 22 2024.
  • Associação dos Peritos Criminais de São O que é a Perícia Criminal. Disponível em:

https://apcf.org.br/pericia-criminal/o-que-e-a-pericia-criminal/#:~

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  • Universidade do Vale do Itajaí. Revista de Iniciação Científica – RICC. Disponível em:

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Acesso em: 22 jul. 2024.

http://www.revistadireitotecnologia.com.br/artigos/impacto-tecnologia-pericia-c riminal. Acesso em: 20 jul. 2024.

  • Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE). Sobre o IBAPE. Disponível em: http://www.ibape.org.br. Acesso em: 20 2024.

Revista Engenharia. Engenharia Forense. Disponível em: https://www.revistaengenharia.com.br/engenharia-forense. Acesso em: 20 jul.

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