Aquecimento Global e seus impactos no canavial e etanol

Atualmente, existem diversas discussõesde como o aquecimento global vai alterara produtividade das culturas e o manejo destas para que ainda seja possível produzir demaneira eficiente. Especificamente sobre a cana-de-açúcar, há estudos quedemonstram como o aquecimento global poderia aumentar a produtividade dessamatéria-prima.

Para compreender como isso ocorre, é necessário entender o metabolismo C4, oqual é uma via metabólica que plantas de climas mais tropicais – como o milho e a cana – desenvolveram para melhor adaptação nesses ambientes. De forma geral,este tipo de metabolismo é responsável por aumentar a concentração de CO2 no mesófilo da célula, o que, por sua vez, faz com que os estômatos se fechem parcialmente, diminuindo a transpiração da planta. Com isso, plantas com essa característica metabólica conseguem fazer um uso mais eficiente da água, uma vez que perdem menor quantidade desse recurso quando transpiram.

Nesse sentido, tal mudança climática provocaria um aumento na concentração de dióxido de carbono no ar atmosférico, o que acarretaria uma maior entrada de CO2 na célula, comandada pelo gradiente de difusão. Assim, haverá maior taxa fotossintética e um aumento da biomassa.

Além disso, o aumento no acúmulo de biomassa está diretamente relacionado com o aumento da produtividade, uma vez que seria cultivado uma maior quantidade bruta de matéria-prima em uma mesma área. Entretanto, deve-se atentar como o ATR se modifica com o aumento da concentração de CO2, uma vez que ele é um dos parâmetros mais importantes para a indústria sucroalcooleira para ter uma matéria prima de qualidade.

Saindo do meio agrícola, o aquecimento global pode gerar vários desafios no setor industrial para a produção de etanol. Partindo da ideia de que suas etapas de produção requerem grande quantidade de água, mudanças climáticas podem alterar a disponibilidade e a qualidade da água regionalmente, fazendo com que os recursos hídricos sejam mais escassos ou imprevisíveis. Sendo assim, a escassez hídrica pode limitar a capacidade de produção de etanol e aumentar os custos associados com o abastecimento de água, tratamento e sua disposição.

Desse modo, ao mesmo tempo em que teríamos um aumento da produtividade da cana-de-açúcar devido ao seu metabolismo C4, haveria uma diminuição da produção de etanol nas indústrias, prejudicando o biocombustível nos mercados e, possivelmente, contribuindo ainda mais para o agravamento do fenômeno climático antrópico.

 

Grupo Etanol – Centro de Conhecimento em Bioenergia (UFV)

Autores:

  • Rafaela Zinato Pereira
  • Marlon Gonçalves Leite
  • Lorenzo Marques da Cruz Fernandes

 

Referências:

https://blog.brkambiental.com.br/mudancas-climaticas/

https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/aumento-da-temperatura-globalcoloca-seguranca-alimentar-da-india-em-risco/

https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/73063

MARIN, Fábio & NASSIF, Daniel. Mudanças climáticas e a cana-de-açúcar no Brasil: Fisiologia, conjuntura e cenário futuro. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, PB, UAEA/UFCG, v.17, n.2, p.232–239, 2013

 

Veja mais textos em https://betaeq.com.br/blog/

Conheça os cursos virtuais da BetaEQ disponíveis em https://www.engenhariaquimica.com/

Deixe um comentário