Microdestilaria, uma solução de autonomia energética para fazendas e cooperativas

O profissional com formação em Engenharia Química pode atuar no dimensionamento de microdestilarias. Ele realiza cálculos de balanços de massa e indica qual o dimensionamento da coluna de retificação. Somado a isso, ajusta o °Brix adequado do caldo que será levado para a fermentação, que impacta diretamente no rendimento da cachaça e do etanol combustível. Deve ser ressaltado que Microdestilaria é aquela com capacidade de produção de até 10 mil litros de etanol combustível por dia.

Originada no Brasil, a cachaça é um destilado de grande importância cultural, cuja produção remete aos tempos coloniais. Essa tradição, aprimorada e ampliada até os dias atuais, conta com um grande papel socioeconômico no cotidiano dos brasileiros impulsionado pelos pequenos produtores.

Durante a destilação, o vinho será separado em 3 frações que são a calda, cabeça e coração. Apenas a fração chamada de “coração” possui a qualidade adequada para ser comercializada, enquanto que a “calda” e “cabeça” são descartadas devido a presença de álcoois de cadeia superior.

Como forma de mitigar os desperdícios e potencializar a redução de custos do processo de produção de cachaça, a fim de torná-lo mais econômico a longo prazo, pode ser produzido Etanol a partir da “cabeça” e “cauda”. Após sua retirada da destilação, é enviada para uma coluna de retificação. Por lá, a mistura das duas frações passa através do processo de separação resultando em álcool combustível que pode ser utilizado em veículos próprios da fazenda. A graduação alcoólica para o álcool produzido, nas chamadas microdestilarias, ser considerado combustível deve ser de no mínimo 92,5%, também conhecido como “álcool hidratado”.

Essencialmente, para retirar o projeto do papel, seria necessária a compra de uma coluna de retificação. Ela seria responsável por separar o etanol combustível da mistura residual, transformando-o para o consumo em carros flex ou movidos a álcool.

Segundo o CBRC (Centro Brasileiro de Referência da Cachaça), cerca de 98% da produção de cachaça provém de pequenos e/ou médios estabelecimentos rurais. Com base nisso, seria de grande proveito reutilizar as frações do destilado da cachaça impróprias para o consumo agregando rentabilidade e utilidade ao bioetanol sustentável, gerando autonomia energética para fazendeiros e cooperativas.

Alguns dos benefícios desse projeto além do abastecimento da frota interna do produtor é a comercialização do etanol excedente. A Lei 14.292/2022 permite venda direta de etanol para os postos de combustíveis, desobrigando produtores de terem que vender para o mercado varejista somente por meio das distribuidoras. Ainda, esse projeto seria uma alternativa para combater o descarte dos resíduos, fato que torna a microdestilaria socialmente justa, ambientalmente correta e economicamente viável.

Referências:
http://www.esalq.usp.br/cprural/flipbook/pb/pb67/assets/basic-html/page52.html
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-14.292-de-3-de-janeiro-de-2022-371717581
https://jornalcana.com.br/microdestilaria-e-alternativa-viavel-a-producao-de-etanol/

Autores:

Igor Leandro Santos Oliveira
Lorenzo Marques da Cruz Fernandes
Rafaela Zinato Pereira
Representantes do Centro de Conhecimento Bioenergia UFV

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