Neutralização do óleo para a produção de Biodiesel

O biodiesel tem como objetivo a substituição total ou parcial  do diesel, que já é largamente comercializado. Com isso, é preciso que alguns parâmetros, definidos pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) sejam respeitados, a fim de assegurar que um biocombustível de qualidade seja comercializado e não prejudique os motores dos veículos circulantes. Dessa forma,  a acidez é um dos aspectos que devem ser levados em consideração, para, assim, evitar que ocorram problemas nas etapas produtivas e reacionárias de síntese do biodiesel.

O biodiesel é produzido, em grande parte, pela transesterificação de óleos vegetais ou animais, isto é, um mecanismo que consiste na reação de triglicerídeos (óleos) com etanol ou metanol, por exemplo, e, assim, formando o biodiesel e o glicerol (subproduto). Com isso, para garantir um processo produtivo de biodiesel com um bom rendimento e um produto com boa qualidade, a elevada acidez do óleo deve ser evitada, para que as reações de síntese sejam viabilizadas, além de evitar que o biodiesel tenha alto teor ácido e corroa os motores dos veículos. Para isso, tem-se, dentro dos processos de pré-tratamento do óleo, a neutralização, a qual tem como objetivo diminuir os ácidos graxos livres (AGL) no combustível e assim, evitar a formação de sabões e baixos rendimentos reacionários.

A neutralização consiste na adição de compostos básicos, como hidróxido de sódio, o qual, ao reagir com os ácidos graxos livres presentes no óleo, forma-se o sabão (reação denominada saponificação) e assim os AGLs são eliminados. Além disso, outros compostos indesejados também são eliminados, como proteínas e compostos oxidados.

Já em relação ao índice de acidez do biodiesel, existem alguns testes que são realizados para que o monitoramento da qualidade desse biocombustível durante a estocagem seja eficaz. Um desses testes é feito por meio da titulação de uma amostra do biodiesel, em que uma solução alcoólica de KOH é o titulante e a fenolftaleína é o indicador. Uma outra forma de titulação pode ser feita utilizando o KOH em isopropanol como titulante  e p-naftolbenzoina como indicador. Existem outros testes que podem ser realizados, os quais são indicados de acordo com os padrões normativos seguidos, como o ASTM (órgão estadunidense de normalização), por exemplo. Contudo, em média, as normas preveem que a acidez deve ser menor do que  0,8 mg KOH/g, para, assim, garantir uma parâmetro seguro de acidez no biodiesel.

AUTORES (BIOENERGIA UFV):

Júlia Alcantara

Alana Rosa

Gabriel Queiroz

REFERÊNCIAS:

Hochscheidt, B. D.; Possamai, E. S.; Silva, M. P. M.; Dieter, J.; Silva, F. R.; Sequinel, R. Neutralização ou Esterificação como Técnicas de Melhoria dos Insumos para Produção de Biodiesel. Revista Virtual de Química, [S. l.], ano 2020, v. 12, n. 2, p. 325-334, 31 mar. 2020. DOI:10.21577/1984-6835.20200025.Disponível em: https://s3.sa-east-1.amazonaws.com/static.sites.sbq.org.br/rvq.sbq.org.br/pdf/v12n2a04.pdf. Acesso em: 12 jul. 2023.

LÔBO, Ivon Pinheiro; FERREIRA, Sérgio Luis Costa; CRUZ, Rosenira Serpa da. Biodiesel: parâmetros de qualidade e métodos analíticos. Quimica Nova, [S. l.], ano 2009, v. 32, n. 6, p. 1596-1608, 22 set. 2009. DOI https://doi.org/10.1590/S0100-40422009000600044. Disponível em: https://www.scielo.br/j/qn/a/SbsL599jyMJbxxKpzbMdmZM/?lang=pt#. Acesso em: 20 jul. 2023.

CONNEPI, 2009, Maceió. DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE ACIDEZ EM ÓLEO DE MILHO PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL […]. [S. l.: s. n.], 2010. Disponível em: http://connepi.ifal.edu.br/ocs/index.php/connepi/CONNEPI2010/paper/viewFile/1810/1069#:~:text=O%20biodiesel%2C%20n%C3%A3o%20pode%20ter,3%25%20g%20de%20%C3%A1cido%20ol%C3%A9ico. Acesso em: 16 jul. 2023.

 

Veja mais textos em https://betaeq.com.br/blog/

Conheça os cursos virtuais da BetaEQ disponíveis em https://www.engenhariaquimica.com/

Deixe um comentário