A agave tem potencial para caminhar lado a lado da cana-de-açúcar e do milho para a produção de etanol (CRUZ, 2022). Essa planta, típica de regiões semiáridas, há alguns anos, tinha o seu uso focado na produção de tequila, bebida tipicamente mexicana, e fibras de sisal (MATEUS, 2022).
Atualmente, a agave aparece como uma alternativa sustentável para produção de energia e com capacidade de capturar carbono da atmosfera (MATEUS, 2022). Esta matéria-prima, quando comparada à cana-de-açúcar para produção de biocombustível, possui produtividade por hectare superior à da cana-de-açúcar (OLIVEIRA, H. et al., 2017). No entanto, não se trata de concorrência neste setor, e sim de uma boa alternativa para fábricas de açúcar e álcool manterem as atividades durante o período da entressafra da cana-de-açúcar (OLIVEIRA, H. et al., 2017).
A agave, pela sua grande capacidade de produção de insumos e matérias-primas, possibilita uma ampla utilização em diversos setores, como na alimentação de animais, na produção de etanol como biocombustível e álcool, que tem uma larga utilização industrial. Além da produção de insumos para indústrias farmacêuticas e de inseticidas, forragem, dentre outros. A utilização de agave é consolidada na produção de bebidas alcoólicas, como a tequila, uma bebida com alto valor agregado produzida no México. Além disso, pode ser utilizada na produção de açúcar, e as fibras têm diversos usos para produtos e subprodutos.
Composto por 70% de frutose e 20% de glicose, o agave pode substituir o adoçante no lugar do açúcar derivado da cana. Pesquisas indicam que a planta pode ser transformada em etanol. A agave sisalana, que dá origem ao sisal, também pode ser uma outra fonte de etanol, usando a biomassa do sisal para essa produção.
Ao contrário da cana, que leva 12 meses para estar pronta para o corte, o agave requer um período de 3 a 5 anos. No entanto, quanto atinge a maturidade, pode produzir mais de 500 toneladas de biomassa por hectare, o que possibilita a produção anual de aproximadamente 7.500 litros por hectare.
Segundo pesquisas, com 3,3 milhões de hectares de agave, seria possível alcançar a produção anual de 30 bilhões de litros de etanol de primeira e segunda geração, equivalente à produção atual de biocombustível no país. Além disso, haveria uma redução de 1,2 milhão de hectares ocupados pela cana-de-açúcar. No sertão, existem cerca de 85 milhões de hectares com potencial para a produção de agave, que atualmente possuem atividade agropecuária instável e baixa produtividade devido às limitações climáticas e do solo.
Diante disso, a agave pode trazer grande desenvolvimento econômico para região do sertão brasileiro, gerando empregos e impulsionando o crescimento das cidades ao redor . O programa BRAVE (Brazilian Agave Development), uma parceria entre a Unicamp e a Shell Brasil, está desenvolvendo tecnologias para formar a base de uma nova cadeia industrial no país. A parceria prevê a construção de plantas-piloto de processamento e refino da biomassa a serem instaladas na Bahia, convertendo o agave em biocombustíveis, como etanol de primeira e de segunda geração e biogás.
Desse modo, a agave mostra-se muito promissora para a produção de etanol pelo rendimento em relação a cana e milho, não competição por áreas de plantio destinado para alimentação e baixa necessidade recursos como de água e fertilizantes em relação a outras culturas. Dentro disso, pode-se perceber o quão vantajoso pode ser a utilização da agave, por isso há muitas pesquisas e interesse de empresas nessa área, para aprimorar ainda mais as técnicas de produção. Essa iniciativa de produção biocombustível a partir da agave, contribui para geração de energia renováveis e que não emitem gases agravantes do efeito estufa, além de recursos.
AUTORES: BIOENERGIA UFV.
Referências:
OLIVEIRA, H. et al. Açúcares, matérias e fibras primas para biocombustíveis. Pg 27 https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/camaras-setoriais-tema
ticas/documentos/camaras-setoriais/oleaginosas-e-biodiesel/2017/29a-ro/projeto-agave.pdf
CRUZ, D. M. Agave se junta à cana e ao milho como matéria-prima de produção de etanol. Fenasucro e agrocana. https://www.fenasucro.com.br/pt-br/blog/bioenergia/agave-se-junta-a-cana-e-ao-milho-como-materia-prima-de-producao-.html
MATEUS, F. O futuro da energia está no agave?. Jornal da Unicamp, ed 680, 21/11 a 04/12 de 2022
https://www.unicamp.br/unicamp/index.php/ju/680/o-futuro-da-energia-está-no-agave
BORGES, Thais. Cana do sertão: pesquisadores estudam produção de etanol e biogás a partir do sisal. UDOP Energia que Inova. https://www.udop.com.br/noticia/2022/12/13/cana-do-sertao-pesquisadores-estudam-producao-de-etanol-e-biogas-a-partir-do-sisal.html
SOUTO, Poliana. Shell investe R$30 milhões para transformar agave na “cana do Sertão”. UDOP Energia que Inova. .https://www.udop.com.br/noticia/2022/11/10/shell-investe-r-30-milhoes-para-transformar-agave-na-cana-do-sertao.html9.
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