Benefícios da descarbonização da indústria

O que é? Por uma definição simples, descarbonizar pode ser considerado o ato de “tirar o carbono”. Buscando uma compreensão mais específica do termo, é possível considerar a descarbonização como o equilíbrio entre os gases emitidos e as ações realizadas para a captura desses gases na atmosfera, ou até mesmo acabar com a emissão deles, utilizando fontes de energia renováveis.

Durante a COP21, ocorrida em Paris no ano de 2015, foi criado o “Acordo de Paris”. Nesse protocolo, os principais países assumiram o compromisso de reduzir as emissões de carbono na atmosfera a partir de 2020, visando alcançar a NET Zero (eliminação/compensação total dos gases emitidos) até 2050.

Essa meta é bastante ambiciosa, considerando que a matriz energética do mundo, atualmente, é muito dependente dos derivados de petróleo. Apesar de necessária, a discussão divide opiniões pelo mundo, principalmente sobre a viabilidade dos métodos alternativos em suprir as necessidades energéticas atuais. Nesse âmbito, a descarbonização é geralmente vista como a “vilã” da indústria e do desenvolvimento, mas quais benefícios ela pode trazer?

Benefícios

Notoriamente, o primeiro grande beneficiário da NET Zero é o meio ambiente. Isso ocorre porque a atividade humana, principalmente pela emissão de gases poluentes, é uma das maiores ameaças ao funcionamento sustentável da vida no planeta Terra. Com a descarbonização, o que se espera é uma redução na escala da temperatura como ocorre atualmente, revitalizando zonas degradadas pelo clima e melhorando a qualidade do ar para a população que vive nas adjacências dos grandes centros industriais.

Já quando se trata de indústria, boas ações socioambientais devem, necessariamente, estar atreladas a uma maior lucratividade, ou no mínimo que as novas mudanças se paguem. A partir disso, ações governamentais ao redor do mundo são feitas para beneficiar financeiramente empresas aliadas ao desenvolvimento sustentável, a partir de incentivos fiscais e isenção de impostos.

(…) “No caso do Brasil, conforme levantamento da PwC, os incentivos fiscais para energias renováveis, como energia eólica, solar, de biomassa e de biocombustíveis, são aplicáveis ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), contribuições sociais sobre a receita bruta (PIS e Cofins) e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)”.

Em Salvador/Ba: “(…) Ainda na linha dos ganhos proporcionados por ações ecologicamente corretas e economicamente viáveis, na capital baiana, proprietários de imóveis que adotem medidas de incentivo à proteção, preservação e recuperação do meio ambiente também recebem descontos.

Isso ocorre através do Programa de Certificação Sustentável IPTU Verde, criado em 2015 pela Prefeitura de Salvador e oferece até 10% de desconto para empreendimentos imobiliários residenciais, comerciais, mistos ou institucionais que realizarem iniciativas sustentáveis em suas construções”.

Caminhos para implementar

O Primeiro passo para começar a descarbonização de um processo se passa pela energia utilizada no mesmo. Utilizar uma fonte renovável de energia torna boa parte do processo limpo, sem a emissão de carbono na atmosfera. Atualmente, o hidrogênio verde é uma alternativa cada vez mais viável para utilização em larga escala na indústria, ele é produzido através da eletrólise da água, separando os átomos de hidrogênio do átomo de oxigênio, utilizando sempre energias renováveis na sua produção.

Em seguida, outra melhoria possível está relacionada a utilização de novas tecnologias. Maquinários novos, menos poluentes e mais eficientes, evitam desperdícios e trazem um excelente custo benefício, principalmente nos processos em larga escala. É cada vez mais perceptível o empenho da indústria no desenvolvimento de melhores equipamentos, a partir da necessidade dos países se adequarem ao Acordo de Paris.

Por fim, mas não menos importante, influenciar o meio em que se está inserido é imprescindível para que a mudança ocorra por completo. Exigir que os parceiros da sua rede comercial, sejam eles clientes ou fornecedores, também desenvolvam um processo produtivo cada vez mais limpo, de ponta-a-ponta e que os mesmos busquem com constância ações para que a NET Zero seja alcançada é a chave do sucesso.

O que está sendo feito pelo mundo?

No Brasil, atualmente existe o “selo Carbono Zero”, cujo objetivo é valorizar empresas que já zeraram suas emissões de carbono, ou tomaram ações para neutralizá-las, como o reflorestamento de áreas degradadas.

Ainda na linha do Acordo de Paris, o Reino Unido desenvolveu o programa “Business Climate Leaders”, que pretende reduzir pela metade as emissões de carbono na atmosfera pelas pequenas empresas até 2030. Esse seria o primeiro ato para que a NET Zero seja alcançada até 2050. As empresas interessadas no programa, terão o apoio do “Centro do Clima para Empresas”.

Inicialmente, as medidas propostas para diminuir a “pegada de carbono” envolvem a utilização de equipamentos mais eficientes, a adoção dos carros elétricos como meio de transporte e consumo de insumos mais “limpos”, como embalagens reutilizáveis.

REFERÊNCIAS

SANDOVAL, G. Carbono zero:o exemplo do Reino Unido para reduzir as emissões. Acesso em: 20 maio. 2022.

Incentivos fiscais ajudam a Bahia a ser líder em energias renováveis. Acesso em: 20 maio. 2022.

OLIVEIRA, G. et al. O que significa descarbonizar? Uma visão da sociedade atual sem energia fóssil.[s.l:s.n.]. Acesso em: 21 maio. 2022.

VIRIDIS. Descarbonização Industrial: sua importância e como adotar essa prática. Acesso em: 21 maio. 2022.