A influência da engenharia química no desenvolvimento de cosméticos

  • Mercado de cosméticos 

De acordo com dados do Euromonitor International, empresa global de pesquisa de mercado, somente o setor de cosméticos movimentou em 2020 US$ 23 bilhões (aproximadamente 1,6% do Produto Interno Bruto nacional), com crescimento de 4,7% sobre as vendas de 2019 no País. O Brasil ocupa a 4ª posição no ranking global, atrás de EUA, China e Japão.

Dentro do setor de cosméticos, um dos mercados que se destaca é o de produtos naturais, devido a preocupação mundial acerca do cuidado com o meio ambiente. Segundo o relatório Varejo de produtos de Mintel, 41% dos brasileiros estão interessados em uma maior variedade de produtos de beleza e cuidados pessoais com ingredientes de origem natural.

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  • Atuação do engenheiro químico 

Tendo em vista o cenário apresentado, o profissional da engenharia química é essencial para garantir o fornecimento desses produtos à sociedade, por conta da sua formação multidisciplinar ele pode atuar em diversas áreas, entre elas, o mercado de cosméticos.

Nesse sentido, o engenheiro químico permite o desenvolvimento de novos produtos e a viabilidade do processo industrial, visto que ele atua monitorando e otimizando processos, o que torna possível uma redução do custo e do desperdício. Além disso, é necessário que seja garantida a qualidade e a segurança desses produtos, como também, a redução dos impactos ambientais.

Considerando que o mercado fornece novas tendências, o engenheiro químico precisa desenvolver os produtos e adequar ou até mesmo criar novos processos pautados em atender os atributos requeridos e valorizados pelos consumidores, sendo assim, o trabalho envolvido com a pesquisa de desenvolvimento é crucial para a manutenção do mercado de cosméticos.

Nesse contexto, os dermocosméticos, produtos registrados pela Anvisa como grau II, ou seja, precisam ter uma aprovação de segurança e eficácia, são uma nova realidade para o mercado e consequentemente para Engenharia Química, pois eles exigem pesquisas detalhadas e muitos testes.

  • Como funciona a planta produtiva 

A cadeia produtiva se inicia com os setores de matérias- primas básicas, as quais podem ser provenientes de fontes sintéticas, como a mineração e petróleo e gás, ou também naturais, por exemplo a agropecuária e atividades extrativas.

Essas matérias-primas são processadas pelas empresas fornecedoras de insumos químicos em plantas industriais com diferentes tecnologias de processo- como a extração, destilação. Após o processamento, esses produtos se tornam insumos básicos químicos (commodities) como etanol, cloro, etileno, gomas e óleos vegetais que são destinados às indústrias produtoras de cosméticos do setor químico. 

A formulação e produção de cada cosmético pode ser complexa e utilizar inúmeras matérias-primas com processos diversos, pois variam conforme as propriedades de aplicação dos cosméticos. Dessa forma, muitos insumos químicos podem ser utilizados na indústria cosmética, desde que seja estável, seguro, não afete no produto final e não cause efeitos indesejados no uso pelo consumidor.

  • Novos desafios

Não é possível falar de indústria de cosméticos sem falar em avanços na pesquisa e tecnologia. Visto que, a indústria de cosméticos foi uma das pioneiras em adaptar os novos recursos da nanotecnologia, por meio do uso de nanopartículas para melhorar a qualidade dos seus produtos e satisfazer as necessidades dos seus clientes.

Entre os exemplos da aplicação de nanotecnologia em cosméticos tem-se as nanopartículas de dióxido de titânio nos protetores solares (que conferem proteção sem o efeito de camada branca sobre a pele), a utilização de nanopartículas de lípidos sólidos para libertação lenta de fragrâncias em perfumes, ou a criação de nanovesículas como transportadores para garantir uma melhor penetração dos ingredientes ativos na pele.

É notório também uma consciência cada vez maior da presença de químicos nocivos em produtos cosméticos, sendo que, os progressos científicos na área ainda não foram suficientes para eliminar todos os produtos nocivos das formulações. Sendo assim, os profissionais de engenharia química ainda têm muito a explorar acerca de composições mais naturais e que satisfaçam o anseio dos consumidores. 

Ademais, a inclusividade tem sido uma preocupação das empresas de cosméticos. O impacto da Fenty Beauty no setor fez com que marcas de beleza se preocupassem com a inclusão ao ampliar dramaticamente as opções de cores para base. Isso representa para os fabricantes uma modificação em sua linha produtiva e a adição de novos produtos ao catálogo, o que pode interferir, por exemplo, no layout da fábrica. 

Portanto, é perceptível a importância da engenharia química em um mercado tão aquecido e vasto como o de cosméticos, em que a cadeia produtiva sofre constantes mudanças para atender aos consumidores, cada vez mais exigentes com os seus produtos. A área relativa a pesquisa e produção de cosméticos deve crescer muito nos próximos anos, dessa forma, é preciso profissionais qualificados e atentos a essas mudanças.

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Por Mariana Cristine Conceição da Silva

Integrante da Prisma – Empresa Júnior de Engenharia Química da UFBA

Site institucional: https://prismaengenhariajr.com.br/

 

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